terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O sonho tornou-se realidade! Construção da sede

Prof. Jarbas Souza

Há muito os professores filiados a ADUFEPE, vinham pleiteando um espaço onde pudessem realizar seus encontros e gozarem da privacidade como qualquer categoria almeja.

Daí muitas as tentativas que se frustraram durante quase trinta anos de sindicalismo na UFPE.

Entre os altos e baixos da ADUFEPE, e diretorias que se inclinavam a realizar os desejos dos associados, a atual diretoria, tendo como presidente o prof. Jaime Mendonça, enfrentou o desafio da conquista desse desejo, que vem sendo conseguido em tempo recorde.

Como representante dos aposentados no Conselho, tenho acompanhado de perto todo o esforço dessa diretoria, no sentido de tornar o sonho uma realidade.

Começou com a elaboração de um projeto simples desenhado pelas jovens arquitetas Guadiana Cortizo e Gabriela Mota, sob a orientação do nosso nobre Prof. Ênio José Eskinazi que traçou o partido central, como um verdadeiro Oscar Niemayer.

Concomitante ao desenho arquitetônico, outro não menos nobre, Prof. Marcos Vieira, como um Joaquim Cardoso, vem orientando as jovens arquitetas, com relação ao projeto construtivo e estrutural da sede cujo setor administrativo estará sendo entregue pela construtora PROJECON sob a responsável do Eng. Emanuel, ao final de dezembro.

Cumpre-me na qualidade de membro da Comissão indicada pelo Conselho de Representante, para acompanhar os trabalhos de execução da construção da sede da ADUFEPE, o dever de enaltecer os esforços que todos têm desprendido no sentido de realizar o grande sonho da classe professoral.

Tendo visitado a obra periodicamente vejo que o cronograma vem se cumprindo pontualmente como o previsto, sendo acompanhado pela técnica, as arquitetas e professor, que diariamente disponibilizam relatórios na página da ADUFEPE bem como enviando por correio eletrônico, todo o desenvolvimento construtivo de nossa sede própria.

Assim meus caros colegas sindicalistas, o sonho de trinta anos de uma parte da sede, está na faze de conclusão como já mencionei acima, sendo que o auditório, segunda etapa do projeto, a PROJECON, dará inicio ao canteiro de obras a partir do dia 20 do mês em corso.

Estamos todos de PARABÉNS por esta conquista que nos enche de orgulho, pois uma família sem teto, não suporta por muito tempo as dificuldades que o tempo impõe.

Só nos resta participar de todas as assembléias e de todas as ações de nosso sindicato, contribuindo com o fortalecimento de nossa entidade plural, que há 30 anos vem escrevendo a história do sindicalismo na UFPE.

VENHAM TODOS CONFERIR desprovidos de qualquer divergência, pois é NATAL e é no natal quando nascem todas as esperanças que nos faz acreditar na vida, nos homens de boa vontade e num mundo melhor sem diferenças, sem desigualdades sociais.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eletricidade nuclear: na contra mão da sustentabilidade

Heitor Scalambrini Costa *

Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco


Desenvolvimento sustentável é aquele que é capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das gerações futuras. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Partindo desse conceito podemos afirmar que é um absurdo e equivocado que o governo brasileiro priorize a opção nuclear para geração de energia elétrica, considerando que o país conta com tantas opções de produção a partir de energias renováveis e limpas. Além dos riscos devido a acidentes, ao lixo atômico, as emissões de CO2, somam-se o risco geopolítico que traria ao país e a região esta tecnologia.

A exploração abusiva e perdulária da energia originada de fontes não-renováveis (combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão e o gás natural, e a energia produzida nas usinas nucleares), ainda maioria no planeta, traz danos irreversíveis ao meio ambiente. Com base nesse fato, a questão das fontes de energia é assunto em pauta mundialmente. No Brasil, cria polêmica à discussão sobre as usinas nucleares como complemento à produção de energia a partir das hidrelétricas.

Atualmente, a energia nuclear corresponde a 2 % da produção energética brasileira, gerada pelas usinas Angra 1 (657 megawatts) e Angra 2 (1.350 megawatts). A principal matriz do Brasil é a hidroeletricidade (80%). A intenção do governo com a reativação do Programa Nuclear é de aumentar a capacidade nuclear com a instalação de Angra 3 até 2012, e com a construção de quatro novas usinas até 2030, sendo duas na região Nordeste e outras duas no Sudeste, conforme propõe o Plano Nacional de Energia 2030 - Estratégia para a Expansão da Oferta, apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética-EPE.

Apesar dos renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, acidentes em instalações nucleares em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer conseqüências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade, por centenas e milhares de anos. O exemplo mais recente foi o acidente pós-terremoto na maior usina atômica do mundo, localizada em Kashiwazaki-Kariwa, no Japão. Sem falar em outro problema que continua sem solução no Brasil e no mundo, que é o armazenamento do lixo radioativo gerado pelas usinas.

Afirmar que as centrais nucleares não contribuem para os gases de efeito estufa é uma meia verdade, e como toda meia verdade, também é uma meia mentira. As usinas núcleo elétricas em operação rotineira, necessitam de grandes volumes de água usados na refrigeração de suas turbinas, produzindo grandes quantidades de vapor d'água para a atmosfera. Lembramos que o vapor d´água é também um tipo de "gás estufa". No conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado em estado natural até sua utilização como combustível dentro de uma usina nuclear, chamado ciclo do combustível nuclear, é produzido quantidades consideráveis de gases de efeito estufa.

Outro fator de extrema preocupação, descrito no Relatório da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados publicado em 2006, é que o Estado brasileiro está longe de ter a estrutura necessária para garantir a segurança das atividades e instalações nucleares. Nesse documento são apontadas graves falhas na fiscalização e monitoramento do setor nuclear, destacando, entre outros problemas, a duplicidade de funções da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN atua, ao mesmo tempo, como Requerente, Operadora, Prestadora de Serviços, Licenciadora e Fiscalizadora de si própria. Vale lembrar que, em setembro desse ano, completaram-se 20 anos da contaminação com Césio 137 em Goiânia, que vitimou milhares de pessoas e ficou conhecido como o maior acidente radiológico do mundo.
No Brasil, historicamente, a relação entre o uso da energia nuclear para fins energéticos e para fins militares também é muito estreita. O Programa Nuclear Brasileiro surgiu durante a ditadura militar e até hoje atende demandas de alguns setores das forças armadas, fascinados pelo poder que a energia nuclear lhes traz. Outros grupos de interesse fazem “lobby”, como setores industriais “preocupados” com o risco de um apagão (a instalação de usinas nucleares não vai afastar o risco do apagão nos próximos três ou quatro anos), grupos de cientistas pelo prestígio e oportunidades de novas pesquisas e pelo comando do processo, os fornecedores de equipamentos e as empreiteiras, por motivos óbvios.A discussão sobre energia nuclear precisa levar em consideração o modelo econômico adotado no país, o qual se baseia no aumento do consumo e da oferta de energia. Isto não é aceitável. O atual modelo energético brasileiro “ofertista” é insustentável. Precisamos nos perguntar, para quê e para quem essa energia é produzida.

Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagens. Não há energia sem controvérsia, mas a nuclear, pelo poder destruidor que tem qualquer vazamento, merece e deve ser discutida mais amplamente pela sociedade, do que a feita apenas com dez pessoas do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE.

Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza, em um país como o Brasil com tantas opções de produção de energias renováveis, a energia nuclear não passará.
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* Graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares, na Universidade Federal de Pernambuco e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica-França-França.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A insegurança do modelo elétrico

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Segundo o governo federal, o apagão ocorrido no dia 10 de novembro foi devido ao desligamento de linhas de transmissão, que traziam energia de Itaipu para São Paulo. Como afirmado pelas autoridades governamentais, esse evento foi provocado por descargas elétricas, ventos e chuvas que provocaram curto circuito nas proximidades da subestação localizada no município de Itaberá, interior de São Paulo. O apagão atingiu 18 estados brasileiros deixando mais de 800 municípios às escuras. Em alguns lugares a demora no restabelecimento de energia chegou há mais de quatro horas.

A intempérie não explica nada, mesmo porque, segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, nesse dia não existiu fenômeno climático nessa região, que não fosse capaz de ser suportado pelas linhas de transmissão.

O apagão ocorrido foi surpreendente, porque ocorreu em um sistema de transmissão que achávamos ser um dos mais reforçados do mundo, que é o que parte de Itaipu e se integra ao sistema elétrico interligado. São cinco grandes “linhões” transportando energia, em três deles corrente elétrica alternada e nos outros dois, corrente contínua. Com os problemas ocorridos em três das cinco linhas, Itaipu paralisou completamente a geração de energia, o que é a primeira vez que acontece desde que a hidrelétrica foi inaugurada, em 1984.

São questionáveis para vários especialistas, as explicações do governo, apontando complicações meteorológicas, como causa única do apagão que afetou mais de 70 milhões de brasileiros naquela noite de terça-feira.

Alguns técnicos afirmam que a provável causa do apagão diz respeito a um problema de gestão do sistema elétrico interligado, pois o sistema não conseguiu praticar o "isolamento" ou “ilhamento”, impedindo o efeito dominó de uma eventual sobrecarga, curto circuito ou mau funcionamento operacional, aliado a uma provável questão meteorológica. O evento ocorrido revelou que falta investimento na gestão e coordenação do sistema elétrico nacional, tendo faltado aptidão para a tomada de providências exigidas.

Outros especialistas relacionam a falta de manutenção como uma provável causa do apagão, pois o sistema é projetado para permanecer estável mesmo ocorrendo perturbações climáticas. Afirmam ainda que apenas tufões, furacões, queda de avião, caminhão derrubando a torre de transmissão ou abalos extremamente graves podem levar a interrupção do fornecimento de energia elétrica.

A ainda aqueles que afirmam que a falta de energia pode ter sido resultado da falta de capacidade dos cabos de transmissão secundários em compensarem a interrupção do fluxo na principal via de escoamento de energia da Usina de Itaipu para o resto do país.

E, finalmente, os que vinculam o problema ocorrido ao modelo adotado pelo governo federal para o setor elétrico que teve início nos anos 90, principalmente nos governos Collor e FHC, com reformas realizadas em 2003 e 2004; e em grande parte perdura até os dias de hoje, impondo competição num setor em que isto não é viável. Mistura os setores estatal e privado, favorecendo assim, os interesses individuais das empresas envolvidas no setor em detrimento do sistema elétrico como um todo. Continua ainda prevalecendo uma visão liberal-mercantilista, que concebe o setor energético como um campo de relações de troca de mercadorias.

Levando em consideração as diferentes explicações a certeza que temos é que o apagão ocorrido mostra que o sistema de energia elétrica do país é vulnerável, precisando também de investimentos tecnológicos. Acidentes podem ocorrer, ainda mais levando em conta a extensão da área de atendimento. Todavia, se uma tempestade com raios coloca em risco todo o sistema elétrico interligado, paralisando as atividades de um país, esse sistema deve ser modificado para que não ocorram novas falhas.

O governo se diz pego de surpresa e, como no governo FHC, culpa a natureza e os desígnios de Deus. Não importa se foi um raio ou se foi um erro na operação, a questão de fundo é que o país não pode ficar refém de acidentes. A sociedade brasileira espera que o mais rapidamente possível as explicações sejam dadas. Não se pode mais aceitar que na política brasileira continue a prevalecer uma alta carga de mentiras.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Princípios que norteiam uma disputa

Prof. Jarbas Souza

A história vem registrando valores e somando experiências ao longo de toda existência do homem tem demonstrado que, mesmo considerando todo avanço tecnológico, cientifico e cultural, não houve muito avanço no aprendizado, sobretudo, as relações interpessoais.

Há de se compreender, que os grupos sociais têm entre si diferenças culturais porém, jamais devem abdicar do respeito que norteia as relações.

No pensar de Platão, - “A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter”. – assim, pois, a ética, do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa) deve ser o ponto de equilíbrio entre os cidadãos; por entender que sem ela, as atitudes humanas podem fragilizar o funcionamento sócio-político.

Portanto, é na educação que tem como processo de formação do homem enquanto homem, as bases dos valores históricos e culturais, de uma sociedade que se organiza a cada instante de seu aprendizado.

Ao fazermos essas considerações, o que me surpreende é que sempre observamos a postura de alguns, em especial de docentes, ainda continuam com praticas, destoantes dos princípios éticos, que devem ser à base de uma disputa democrática e plural, com a maior diplomacia.

A beleza que Platão postulou, no nosso entendimento, é a beleza do espírito manifestando-se em nossos ideais de virtudes que nos torna diferentes dos outros seres.

Em nossa universidade, por ocasião da ultima assembléia de docentes filiados a ADUFEPE, presenciamos vários comportamentos que não condizem com a categoria professoral.

Saber disputar subentende, saber ganhar e perder. Torna-se imprescindível que acima de todos os interesses e desejos que influem as disputas, a prática da ética seja a forma equilibrada do sucesso ou do insucesso.

Tenho dito que estamos vivendo uma crise existencial sem precedentes, em todos os campos das atividades humanas. O que mais nos entristece é que professores regido pelo mais alto princípios filosóficos da conduta, em momentos onde prevalecem os interesses, no jogo da vida, nossos instintos mais primitivos se afloram, desapontando todos que naquele conclave se fizeram presentes.

Daí ao resgatar mais uma vez o pensamento do filosofo grego, - “A harmonia se consegue através da virtude” – queremos acreditar que os docentes são virtuosos, e quando vemos casos pontuais, eles não representam o sentimento, muito menos a essência comportamental dos professores da UFPE filiados a ADUFEPE.

A perfeição sem duvida é inatingível, porém temos que persegui-la para melhor relacionamento interpessoal e qualidade de vida na sociedade e entre os pares.

VIVER A VIDA COM ÉTICA É VIVER MELHOR SOCIEDADE.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cúpula sobre o clima

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco


A 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CQNUMC), chamada também de Cúpula sobre o Clima, será realizada no mês que vem em Copenhague, onde líderes mundiais discutirão o próximo tratado sobre o clima, já que o Protocolo de Quioto expira em 2012. Neste protocolo, que foi aprovado em 1997 e ratificado em 2005, os países desenvolvidos comprometeram a reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 5,2% aos níveis de 1990 no período de 2008 a 2012.

Acordo não cumprido e nem seguido por vários paises (incluindo os EUA, o maior poluidor do planeta), seus resultados pífios provocaram um descontrole climático que chegou a tal nível, que hoje impactos já são sentidos por todos os povos do planeta: derretimento das geleiras, elevação do nível dos oceanos, secas extremas, aumento da freqüência e da intensidade dos tornados e furacões, alterações no regime de chuvas, perdas agrícolas, surgimento de novas doenças e a extinção de espécies da fauna e da flora.
Nas discussões que antecedem a Conferência de Copenhague os países do G8 (formado pelos sete países mais desenvolvidos do mundo, e a Rússia), de fato os grandes responsáveis pelo aquecimento global, concordam em reduzir suas emissões de GEE em 80% até 2050, em relação aos níveis de 1990, desde que os países em desenvolvimento se comprometam a arcar com uma redução de 50% no mesmo período.
No entanto, paises em desenvolvimento não concordam em serem obrigados a terem metas estabelecidas, e sim, ações voluntárias. Alegam que as mudanças climáticas não foram causadas por eles. Talvez, até esses mesmos paises possam concordar, caso haja o estabelecimento de metas vinculando-as à ajuda financeira dos países desenvolvidos.

Convenhamos que para termos um plano sério em qualquer tema ou área, deve ter objetivos e ações que possam ser mensuráveis, verificáveis e relatáveis. Isso se traduz em metas e compromissos para os diferentes setores da economia e da sociedade, bem como responsabilidades e atribuições para os diferentes níveis de governo.

Em parte, os países em desenvolvimento podem até ter razão, mas, por outro lado, é de suma importância perceber que o planeta é um só, nossa espécie é única e que os efeitos da poluição e das mudanças climáticas ultrapassam fronteiras. O fato é que já passou a hora de discutir quem polui mais, quando o que está em jogo é a possibilidade de vida na Terra para as futuras gerações. Devemos fazer todo o possível para estabilizar o clima, evitando que o aquecimento da Terra provoque a devastação da biodiversidade e o holocausto de milhões de pessoas, cujos territórios não serão mais habitáveis, especialmente na África e no sudeste asiático. Não há mais tempo! Como disse o poeta “Quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Nosso tempo de agir já está se esgotando!

Nosso país tem uma importância fundamental em Copenhague, já que somos o detentor do maior potencial ambiental do planeta.

Lamentavelmente o que se verifica são ações contraditórias do governo brasileiro, que nada ajudam na sua credibilidade para tentar resolver o problema ambiental. Esta contradição está evidenciada no Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) que apresenta pontos polêmicos, como a construção de usinas hidrelétricas e nucleares como forma de evitar emissão de gases de efeito estufa. O plano incentiva obras contestadas pela sociedade civil, como as usinas de Belo Monte, no rio Xingu (PA) e Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO). O PNMC considera as florestas como ponto importante, mas apenas apresenta medidas para a redução do desmatamento ilegal. Não podemos esquecer que o Brasil é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa graças ao desmatamento desenfreado, principalmente da Amazônia, e o plano deveria traçar metas para acabar com o desmatamento por completo, e não apenas o ilegal.

Enquanto se delineia a proposta brasileira a ser apresentada em Copenhague, com a redução de 40% nas emissões, o Senado brasileiro aprovou uma medida, no mínimo controversa, para a Amazônia, a Medida Provisória - MP 458, que legaliza a grilagem em terras públicas na Amazônia, e que possibilitará que mais de 67 milhões de hectares de terras públicas da Amazônia sejam doadas ou vendidas sem licitação, premiando assim invasores e grileiros, o que certamente irá estimulará ainda mais a derrubada da floresta.
E a descoberta de petróleo na camada pré-sal pela Petrobrás? Após tantos fatos desaconselhando o emprego de fontes fósseis de energia em virtude de sua nocividade ao meio ambiente, não seria antipático e anti-ético os brasileiros estarem festejando a descoberta de mais uma fonte de agressão a este nosso planeta já tão maltratado? Será que a Terra suporta a queima de mais esses bilhões de barris de petróleo? Não seria mais razoável o Brasil se orgulhar de liderar a aplicação de fontes de energia renovável em lugar do sujo petróleo?
Verifica-se também que o cenário definido pelos leilões de energia nova realizados recentemente apontam no sentido que o preço da energia elétrica vai aumentar de forma incontrolável e a matriz energética do país ficará mais suja, com a ampliação de geração termelétrica a base de óleo combustível, diesel e carvão mineral. Com isso, o Brasil segue na direção inversa dos países desenvolvidos, que buscam aumentar a participação de fontes renováveis nas suas matrizes energéticas.

Também ressalta-se a posição do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – Ibama que concedeu a Licença de Instalação (LI) da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO). A LI foi concedida sem a aprovação da própria equipe técnica do Ibama, que deu parecer contrário à construção.

Sem dúvida os desafios da humanidade são enormes, principalmente porque exigem algumas mudanças de hábitos e de atitudes muito enraizados na vida das pessoas. É preciso reduzir as emissões de gases que resultam da queima dos derivados de petróleo, o principal emissor de GEE. Espera-se que em Copenhague sejam estabelecidos limites severos ao uso de combustíveis fósseis. Eles foram os responsáveis pelo progresso da humanidade no passado, mas o futuro hoje não é visto como mais petróleo, mais gás e mais carvão mineral, e sim com mais energias renováveis. O petróleo simplesmente não é o caminho de um desenvolvimento sustentável. Investir mais nas tecnologias para melhor aproveitar a energia solar, dos ventos e a biomassa, parece um caminho mais seguro.
A condição para que possamos conseguir vencer este que é o maior desafio à raça humana, a luta contra o aquecimento global, é tentar identificar verdadeiramente o problema e, posteriormente, verificar quais escolhas que cada um de nós pode realizar e como o conjunto destas escolhas individuais se interliga numa estratégia coletiva. Teremos que aprender a identificar todos estes conjuntos de relações, sua interdependência e a importância do nosso papel como cidadãos.

Cabe a sociedade civil mundial se organizar para pressionar os governos a agirem nesta Conferência, a fim de garantir que o acordo a ser estabelecido em dezembro de 2009 preveja medidas efetivas para a redução de emissões de GEE, e assim salvar o planeta. É crucial a mobilização de cada um, visto que a nossa espécie encontra-se em risco de ser extinta da Terra, como resultado das ações inconseqüentes dos seus habitantes que ameaçam sua própria condição de sobrevivência.